INTERDITADO



Todo o dia o cotidiano me surpreende
Principalmente quando abro o jornal
Ainda que a vida tente me prender
em um caos habitual.

Você sabe
É que pra mim nada é banal.
Eu pego a fila todo dia,
Não há do que falarem mal.

Você sabe,
 Vou chorar com a manchete,
Revoltar-me com a corrupção,
Indignar-me com a morte,
de mais um jovem coração.

Eu tento organizar as coisas,
Compreender as dores do mundo,
Não me sentir inútil,
Ou mais um cego no castelo.

Mas agora fico pensando,
Quando é que esse caos vai me levar?
[também.]
É no que dá se importar demais?
Seria melhor se a vida fosse sempre levada assim,
no “tanto faz”?

- Desculpa pela falta de interesse.
É que a casa está em obras.

Verdades Inconvenientes

Homem de carne e osso
Desses que todos conhecem
Arcabouço de arrogância
Em crise decadente.

Homem de artimanhas intensas
Que crê possuir uma armadura e
[salvo o engano e esquecimento]
Entrega-se a concretude da transparência.

Homem desnudo, desmascarado.
Em abstrata condição natural.
Atravessa a cidade
Na ilusória sensação de
Ser o que não é.

O homem caminha pronunciando belas palavras,
Mas a tua boca exala a hipocrisia
Diz enxergar as dificuldades do mundo.
Mas teus olhos exalam injúria.
Levanta placas em protestos.
Mas teu corpo exala a indiferença
Diz acreditar no amor,
Mas teu corpo exala a discórdia.
Teu corpo exala a podridão humana.

Os teus poros, vísceras e vértebras,
Exalam ferrugem e carvão.
Teu corpo exala as próprias fraquezas,
E meu ser é de todo comiseração.

Pra quem só é aparência.
A nudez do homem
É uma verdade inconveniente.
Guardada em silêncios impuros.
Pelo pobre ser que será apenas pó. 

Carta II


Há algum tempo caminho de mãos dadas, pé ante pé, levando nos meus olhos observadores as cores de um amor bonito. Guardo lembranças, cheiros, momentos, essas coisas que só o coração pode registrar. Sou relicário, vez em quando. Você também ...é. Nós somos.
Pode até não parecer pra quem olha de fora, mas aqui dentro eu sei o quanto nos queremos bem, mais do que qualquer casal de namorados apaixonados que se dizem “eu te amo” a cada segundo do dia, sem saber quão fortes são tais palavras. Somos tão diferentes, diferentes um do outro, diferentes do resto do mundo.
E eu sei que é isso que nos uni. Esse laço de amizade que permite discutir, compartilhar ideias, falar o que pensa e não apenas o que outro espera ouvir, respeitar as manias, os dramas e os exageros particulares. Sinto-me cada vez mais eu, quanto mais sou tua.
Teu jeito de atender o celular, o riso gostoso, o olhar, segundo sua mãe, irônico e as brincadeiras nas quais você adora me irritar, tudo me encanta. E você sabe disso.
Bastou um encontro de almas para que eu descobrisse a felicidade, moço. Mas depois disso, nada mais nos bastou, queremos além do suficiente, e para isso dividimos histórias, sonhos, medos, desejos. Tornamo-nos companheiros e amigos nesse enovelar de destinos.
Hoje dançamos contra o ritmo frenético da vida que insisti em sufocar toda a forma de amor.
Você me perguntou: “Quer ser minha namorada?”, eu respondi emocionada[admito], que sim.
[no dia de hoje, só que há três anos]
Saiba que eu não acredito muito nessa coisa clichê de “pra sempre”. Amor de namorados é coisa complexa, é feito poesia, a gente lê, lê e só entende nas entrelinhas. Mas eu acredito no amor e-terno, aquele que a gente cultiva nas boas relações e carrega no peito PRA TODA VIDA.
Nós temos um ao outro, hoje [na felicidade].
Te amo.
 
Com carinho,
a sua moça.
 

Corte e cicatriz

Patricia Metola
Eu queria ser barquinho na lagoa.
Mas me mandaram ser navio.
Eu queria ser passarinho que voa.
Mas no meu caminho houve um desvio.

Conduziram a minha história
Só pra ganhar e não perder
Me deixaram flutuando em vitórias
evitando meu sofrer. 
No perigo, não me equilibro.
Nunca aprendi a viver.
Virei ludíbrio dos que
souberam ser.
  E dessa vida que não fiz,
queria ser também corte e cicatriz.
Ainda que fosse apenas no fim.

As asas do tempo.


Eu: Quando eu morava naquele prédio, eu sentava na varanda dos fundos e ficava pensando na vida, me dava um aperto no peito, não era bom, mas também não era ruim, era vazio.

Mãe: Eu me lembro até hoje do dia que comi chocolate pela primeira vez...

Mãe: Para de catar manga nesse quintal menina.

Pai: Eu não dou mais nada pra você, você quebra tudo, joga isso no mato logo. [quando a pilha do discman acabou].

Pai: Fica calma, você quebrou o que mesmo? Uma lanterna? Não precisa chorar, a gente compra uma nova e você dá pra sua amiga.

Vó Zilda: Você sabia que sua mãe pegou você no meio do mato? Você é filha de uma índia, por isso tem esses olhos puxados. - Mãe: É verdade, você era bem pequenininha. - Eu: E aquele tanto de foto da senhora grávida? - Mãe: Ah...era a sua irmã.

Mãe: Você decide, ou você dá a sua mamadeira para o bodinho ou ele vai morrer de fome.

Eu: Esse é Bill Cliton, meu bode de estimação.

Lay: Você sabe falar otorrinolaringologista? - Eu: O-to-rr-i-no-ro-gis-ta...ah! 

Eu: O que é aquilo entre a parede? Meu Deus...uma lagarta gigante! [era um camaleão]

Mãe: É que Ulli é uma cabrita mesmo!

Eu: Lay, aprendi uma palavra nova, a maior do Brasil é...anticonstitucionalissimamente! [no caminho pra escola]

Mada: eu que vou sentar do lado de Lay. - Eu: eu que vou sentar do lado dela.
Mada: Fulano é o TDB. - Lay: E sicrano é o TDM.

Eu, Lay e Mada: Olha os periquitos, os periquitos...ô o bando de periquitos.

Mada: Eu não gosto de Thays, ela fica roubando Lay da gente.

Mãe: Olha esses pés tudo sujo de roxo, parece que vocês pisam mais nas amoras do que comem.

Pai: Que desperdício é esse? Olha ai Dinha, só come o recheio da bolacha.

Tõe: Nessa parte da Bíblia diz assim ó...então, aí quer dizer que...

Amiga da mãe: tá sabendo que você vai ter um irmãozinho?

Mãe: A mamãe tá grávida, vocês vão ter um irmãozinho ou uma irmãzinha.

Jô: Eu sou Kleber...

Manu: Eu levo os filmes, Jô a pipoca, você e Anne o refrigerante e o leite moça pra fazer brigadeiro.

Eu: Você ainda tá aí? Eu não consigo dormir. - Pai: Tô aqui sim, já já o sono vem, vou cantar...acordai, acordai dono da casa, acordai, acordai e ouvirei, que do lado, que do lado do oriente, que do lado do oriente, são chegados os três reis...

Irmã: Eu gosto de Spike (nosso cachorro), mas eu tenho medo, o que eu posso fazer? Você que tem que cuidar.

Jô: Manda seu pai largar de ser ciumento.

Mãe: Você passou maquiagem? Eu: Não, é impressão da senhora.

Mada: Ei, vamos pra praça, tá cheio de gente lá.

Eu: Mami tô indo brincar na casa de Mada.

Lay: Bora brincar de lojinha?

Avô paterno: Fica aí, seu avô tá é muito novo, quer ver quando um homem ta ficando velho e caduco? Quando ele esquece a esposa e começa a invocar com mulher nova.

Pai: Já deu benção Inda?

Vó Zilda: Você não tá com fome não? Quer uma bolachinha? Banana? Bolo? Pão? Refrigerante? Leite?...

Avô paterno: Lá no fundo do quintal tá cheio de micos, vai lá ver.

Pai: Não sei de quem essa menina puxou tanta desatenção...

Irmã pequena: Eu te amo, amo mais do que anne.

Vô Quita: Aqueles foram tempos difíceis, a gente pegava sacolas plásticas e amarrava nos pés com meia, porque era muito frio. A gente só voltou depois que a Guerra terminou, era tanta morte e medo que a gente já tinha até se acostumado.

Vó Inda: O pacotinho de balas de vocês tá ali, vou pegar.

Sam: A roupa que eu queria vestir hoje, era você.

Pai: A gente acredita em você, é só fazer com calma, você consegue!

Mãe: Já mostrei sua medalha pra todo mundo.

Eu, Beu e Gu: É bronze, é Bahia minha porra!

Amigas: Ulli é muito tonta, como é que pode ser assim tão lerdinha? - Eu: Aiii gente! Isso é bulygin!

Sam: Eu te amo.

Mãe: O livro com o seu poema chegou, é lindo, já li mil vezes.

Maria e Carol: Vocês conhecem Ulli Uldiery? Minha amiga escritora? Olha o livro com o poema dela...

Brenda: É você Wans?

Jeh: Você não vai ter convites pra primeira fila, vai estar na passarela. Não tem como estar em dois lugares ao mesmo tempo. [sempre fofa]
Brenda: Eu tô bem, deixa, eu consigo fechar! Ah, vai...fecha o meu body pra mim. [bem alegrinha]

Irmã pequena: Olha Uh, mamãe tá no Banco do Brasil. [ era o Bradesco, mas ela tava aprendendo a ler]

Pai: Eu sabia que você iria conseguir, tenho orgulho de você, parabéns meu amor.

Clara: Eu te amo amiga!

Clara, Rol, Maria, Beu e Eu: “Estranho seria se eu não me apaixonasse por você/ O sal viria doce para os novos lábios...” [abraçadas cantando no show de Nando Reis]

Avó: Eu estou orando por você todos os dias.

Mãe: Não vai ser nada, acredite, Deus já te curou, e a gente tem que ter fé!

Sam: Mô? Ô Mô...mô?

Eu pra Sam: Eu te amo mesmo você estando assim meio gordinho.

Sam: Você com essa blusa de melancia.

Fábio: Minha paixão pelo seu namorado é caso antigo, nem adianta contestar.

Eu pra Sam: eu vou te amar pra sempre, você acredita?

O povo: Ul-di...o que?

Eu: U-L-L-I com dois L, sem W. U-L-D-I-E-R-Y.

Professor: Seu nome é italiano, né? Descobri isso esses dias. - Eu: Não, minha mãe que inventou, é ULDI de Ulda e ERY de Erivelton.

Das amigas para as amigas: Eu amo vocês, muito, de verdade.

Lorena: Quem é essa? Deixa eu ver a cara. [quando a gente se conheceu]

Sam: Hoje eu sei o quanto eu te amo, e mais ainda.

Chico: Você e Halisson combinam, ele sempre destruiu as coisas. Imagina como vai ser a casa de vocês?

Eu: A vida passa rápido demais, né? Mas é porque a gente dá asas para o tempo e ganha saudade em troca.

Imitado e inspirado no texto Alinhavando de Jaya
que imitou e se inspirou no texto Momentos, de Cristal.